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MVP e MoSCoW: agilidade e resultados para seu setor de compras

Já ouviu falar em plot twist? Ela é a mudança radical na direção esperada ou prevista de uma narrativa. A história da humanidade contou com diversas plot twists: Da criação da roda em meados de 3.500 a.C. ao surgimento do motor de combustão no século 19. Do primeiro computador datado de 1941 à concepção da Internet na década de 60. Os avanços tecnológicos foram – e ainda são – responsáveis pelas reviravoltas na forma a qual vivemos, trabalhamos e enxergamos o mundo.

Atualmente vivemos a era digital, também conhecida como era da informação ou era tecnológica. Nosso contexto exala conectividade e agilidade, e invenções que contribuem com as atuais necessidades dos seres humanos surgem todos os dias.

No contexto corporativo não poderia ser diferente. Novas formas de empreender manifestaram-se e, com isso, ferramentas e processos também foram criados para lidar com as novas exigências do mercado.

Muitas dessas inovações surgiram a partir do conceito que marca a atual transformação cultural das empresas: as Metodologias Ágeis.

Os Métodos Ágeis são uma alternativa à gestão tradicional de projetos. De acordo com o “Agile Manifesto”, criado em 2001 por 17 líderes da comunidade do Extreme Programming, sua implementação deve levar em conta os seguintes valores:

- Os indivíduos e suas interações acima de procedimentos e ferramentas;

- O funcionamento do software acima de documentação abrangente;

- A colaboração dos clientes acima da negociação de contratos;

- A capacidade de resposta a mudanças acima de um plano pré-estabelecido.

Ou seja, além de promover um gerenciamento de projetos que incentiva a inspeção e adaptação frequente, sua filosofia valoriza um processo mais humano, a comunicação entre a equipe, o foco no cliente e a entrega rápida e de qualidade.

Embora tenham nascido no processo de desenvolvimento de softwares, estas metodologias também têm sido utilizadas por outros setores. Carlos Campos, Sócio Diretor da Nimbi, empresa especializada em soluções para Supply Chain, confirma: “Os métodos ágeis podem ser aplicados a qualquer tipo de projeto, de qualquer área, para qualquer empresa. A única exigência é estar aberto à inovação. É preciso que as pessoas estejam dispostas a trabalhar de uma forma diferente. Ainda existe muita resistência à mudança nos processos e é impossível implantar qualquer inovação sem que haja uma transformação cultural na empresa”.

Metodologia Ágil é muito mais que Scrum

Aos viciados em cards e post its coloridos, sinto dizer: o Scrum não é, de longe, a única metodologia ágil que existe.

Carlos afirma: “Kanban, XP, Scrum são algumas, das muitas metodologias ágeis que existem e podem ser utilizadas para gerenciar projetos. A grande sacada é entender o contexto a fim de selecionar a ferramenta que melhor se aplica ao cenário em questão”.

O especialista em soluções para a cadeia de abastecimento afirma que dois nomes tem ganhado destaque no gerenciamento de processos voltados ao setor de compras. São eles: MVP e MoSCoW.

MVP - Identificando Oportunidades

A sigla para Minimum Viable Product - em português, Produto Minimamente Viável – nasceu nos braços das startups. O conceito foi popularizado pelo consultor e escritor, Eric Ries, no livro “The Lean Startup”.

A ideia do MVP é bem simples. Imagine que, num belo dia, você decide investir em uma loja de doces e elege os donuts como carro chefe de sua empreitada. Á princípio, você opta por fabricar as gordices com as três seguintes coberturas: Chocolate, doce de leite e açúcar. Acreditava-se que a melhor solução para a linha de produção seria cozinhar, primeiro, todas as variedades de cobertura e, só depois, preparar a massa para produzir todos os donuts de uma só vez. O conceito de MVP propõe uma solução mais rápida, econômica e viável: Uma calda de chocolate tem valor sozinha? Não. Portanto, primeiramente, você prepara a massa e cobre com o açúcar, pois o donut de açúcar já tem valor de mercado. Com essa solução, você já consegue obter ganhos com um produto simplificado enquanto desenvolve o restante. Isso também permite que você receba um feedback prévio de seus clientes – o que te dá uma margem maior para correção.

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Segundo Carlos, este conceito foi transformado em processo e ajuda a identificar oportunidades de melhorias e redução de custos em diversos setores, inclusive, na área de compras: “Ao invés de fazer um diagnóstico do todo – categoria por categoria – e, só depois, investir na captura de resultados, aplicando o MVP, as empresas fazem uma pré-análise das categorias, identificam uma oportunidade de ganho, mensuram o potencial de resultados e executam. A ideia é desenvolver um projeto de cada vez, tornando-os autossustentáveis, pois eles mesmos se financiam e garantem o investimento na próxima categoria”.

Carlos afirma que todo esse procedimento já foi automatizado: “A Nimbi utilizou o conceito de MVP para criar uma inteligência artificial que pega a base de dados das empresas, cruza as informações e fornece um relatório simplificado (pré-diagnóstico) contendo as categorias possíveis de negociação e potencial de saving”.

MoSCoW – Priorizando Requisitos

Quantas vezes você já participou de extensas reuniões de planejamento que não deram em nada? Isso - muito provavelmente - não aconteceria se sua empresa já tivesse adotado a metodologia de priorização MoSCoW.

A técnica utilizada em análises de negócio, gerenciamento de projetos e desenvolvimento de software é capaz de classificar e priorizar funcionalidades com base no seu valor de negócio.

O método foi criado por Daí Clegg que doou os direitos de propriedade intelectual para a Dynamic Systems Development Method (DSDM) Consortium.

A ideia do MoSCoW é tão simples quanto a do MVP, se não mais. Digamos que os negócios com a loja de donuts estão indo de vento em polpa e você, agora, deseja atrair investidores para criar uma rede franqueada. Você e seus sócios entendem um pouco de estratégia publicitária e decidem se reunir para discutir ideias e metas para campanhas de visibilidade. Ao invés de promover um brainstorm solto, a metodologia MoSCoW define níveis de prioridade que facilitam a discussão e o consenso.

Quer saber como?

Aprendendo a priorizar

O nome MoSCoW diz muito – ou quase tudo – do que precisamos saber sobre sua técnica:

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Image credit to fabiocruz.com

Carlos utilizou está técnica em uma de suas reuniões do Centro de Excelência em Gestão de Suprimentos (CEGS) – uma iniciativa que reúne profissionais do setor de compras de grandes empresas para fomentar o debate e a troca de experiências. A discussão da vez referia-se aos indicadores: Quais são os indicadores mais relevantes para se levar em conta na área de Compras?

Abaixo você conhecerá a definição dos níveis de prioridade propostos pela metodologia e descobrirá quais foram os indicadores acordados na discussão:

1 – Must

O M de MoSCoW é a sigla para Must Have – no português, Deve Ter. É nesta categoria que você deve inserir os conceitos básicos e essenciais.

Na discussão, os indicadores considerados imprescindíveis foram: Prazos de Pagamento e Fluxo de Caixa, Savings, Homologação dos Fornecedores, SLA interno ligado ao lead time, OTIF, Produtividade e Single Source.

2 - Should

O S representa Should Have – no português, Deveria Ter. Este pilar deve conter elementos que devem ser considerados ao máximo, mas não são tão imprescindíveis.

Os indicadores importantes – mas não indispensáveis – foram: TCO, IIR e LTIR, Supply Chain Performance Management, Consolidação de Fornecedores e Acuracidade Forecast.

3 – Could

O C quer dizer Could Have – no português, Poderia Ter. Aqui entra a cereja do bolo: insira tudo aquilo que é desejável, mas não são importantes.

Os indicadores “bônus” elegidos foram: E-procurement, Compras fora do contrato e Spend por FTE.

4 – Won’t

O W representa o Won’t Have for Now – no português, Não Terá por Enquanto. Nesta categoria colocam-se os elementos que não precisam ser levados em conta com muita frequência, pois não impactam no resultado final.

O indicador menos importante, de acordo com estes profissionais, foi o: PTAX.

...

De acordo com pesquisa da Gartner, 75% das empresas de tecnologia estarão utilizando metodologias ágeis no gerenciamento de projetos até 2018. A tendência é que empresas de todos os setores passem a adotar a cultura ágil nos próximos anos. Você não precisa ser uma empresa de software para pensar como uma. Vai ficar para trás ou vai ter seu nome escrito no novo plot twist da nossa história?

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