Compras Sustentáveis: como otimizar a gestão de resíduos a partir de iniciativas da área de compras
Ao introduzir critérios de sustentabilidade na estratégia de compras, é possível gerar diversas vantagens, como por exemplo o atendimento as expectativas das partes interessadas, vantagem competitiva no mercado, estímulo a inovação na cadeia de suprimento, cumprimento da legislação por toda a cadeia, redução de riscos de rupturas, atração de investimentos e melhor relacionamento com fornecedores. Mas vamos destacar uma vantagem especial hoje: a otimização da gestão de resíduos! Ah sim! Essa ainda pode otimizar custos e recursos também. Tem algo que a área de compras gosta mais?
Quando analisamos as metas relacionadas ao objetivo do desenvolvimento sustentável (ODS) proposto pela ONU de número 12, o ODS de Consumo e Produção Responsável, vemos que as metas falam sobre redução de desperdícios, reciclabilidade e diminuição de geração de resíduos para além do consumo e produção responsável. E qual é o motivo das principais metas de resíduos estarem no ODS de Consumo e Produção Responsável? Porque a melhor forma de otimizar a gestão de resíduos provenientes dos produtos que consumimos, é pensando nele desde o momento da compra e não depois que o resíduo já foi gerado.
Quando pensamos na seleção de produtos mais sustentáveis que vão otimizar a gestão de resíduos, precisamos pensar no produto como um todo, sabendo que critérios de ecodesign como o tipo de matéria prima utilizada vai ser determinante no impacto gerado no final do ciclo de vida do produto. Mas como escolher a matéria prima mais sustentável?
A matéria prima de um produto pode ser de origem virgem ou reciclada. Ainda, os recursos virgens podem ser de fontes renováveis (biomassas - cultivados e colhidos) ou não-renováveis (extraídos do solo). Preferencialmente as matérias-primas de fontes renováveis, as de material reciclado tem um impacto menor devido a já estar no segundo ou mais ciclo de vida, este material que de outra forma já estaria descartado no meio ambiente. Sendo assim, dentre esses tipos, a recomendação é que a matéria-prima seja reciclada ou de origem renovável ou se ainda de fonte não-renovável, que seja de menor impacto, como exemplo sem a utilização de materiais tóxicos.
Ainda, para otimizar a gestão de resíduos, as recomendações sobre a matéria-prima do produto a ser escolhido são: produtos com o menor peso e volume, que não contenham materiais tóxicos ou que contenham na menor quantidade possível, pois a toxicidade compromete a reciclabilidade, com o menor número de materiais diferentes e que esses sejam de fácil separação e identificação para facilitar a destinação a reciclagem, e preferencialmente produtos duráveis aos de uso único descartável. Vamos ver um exemplo prático?
Ao escolher um simples copo, qual o melhor? Começamos com o reutilizável e durável. Se temos que ir para o descartável pensamos primeiro em um de papel reciclado, por exemplo. Se não, pelo menos de origem renovável, um papel virgem ou outra biomassa. Ou ainda, se tivermos que ir para os de plástico descartável, o de polipropileno (PP) tem menor impacto que um de poliestireno (PS). Todas as opções possuem impacto, mas a ideia aqui é analisar essa matéria prima, seus impactos e sua destinação final com o objetivo de reduzí-los.
Mas como provocar a cadeia de suprimentos para contribuir com a otimização da gestão de resíduos?
Vamos falar de dois conceitos que podem contribuir na construção de critérios e abordagens de sustentabilidade com o fornecedor focada no pós consumo: a logística reversa e a economia circular! A logística reversa é um instrumento econômico e social que prevê a viabilização da coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento ou outra destinação final ambientalmente adequada. Já a economia circular é uma opção que transforma a forma como produzimos e consumimos produtos e matérias, um modelo de produção e consumo que procura manter o material ou produto circulando na economia pelo máximo de tempo possível, seja por meio de locação, compartilhamento, reutilização, reparação ou renovação destes. Os resíduos são reduzidos ao mínimo e, quando ocorre o fim da usabilidade do produto, os materiais são mantidos no ciclo econômico através da reciclagem, sendo o descarte a última instância.
Então, a responsabilidade pela circularidade pode ser compartilhada com o fornecedor, onde este pode contribuir com soluções para manter o que foi adquirido na economia por mais tempo, podendo assim chegar à redução de custos e recursos. E sim, a área de compras pode e deve influenciar a sua cadeia a agir intencionalmente na construção de uma economia circular pensando na sustentabilidade de um produto desde a concepção e em todos as etapas do ciclo de vida.
Que potência! Imagina o quanto poderíamos fazer por um desenvolvimento mais sustentável se usássemos do poder de compra das nossas instituições para estimular práticas mais sustentáveis. Fica o convite!
Escrito por Larissa Vieira Monteiro
Coordenadora de Compras Sustentáveis na Rede D'Or São Luiz e Palestrante da 21º Fórum de Compras e Sourcing.
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