Faltam 11 anos para 2030. E uma das poucas coisas que sabemos sobre esse ano é que muito provavelmente terá uma nova Copa do Mundo aqui na América do Sul. Quanto ao mercado de trabalho, vamos deixar que você tire as suas conclusões.
Segundo um estudo da Dell, publicado pelo site Projeto Draft no começo de 2019, 85% das profissões de 2030 ainda não existem. Para quem enxerga o copo meio vazio, o cenário é de caos. Para quem enxerga o copo meio cheio, o cenário é de oportunidade!
Sua profissão não deve acabar de fato, mas passará por várias transformações e Supply Chain é uma delas! Então, é preciso arregaçar as mangas e ficar ligado nas mudanças. Conversamos com Matheus Rodrigues, head de Procurement na OLX Brasil para comentar sobre o futuro da profissão e Alex Leite, diretor educacional na Live University sobre as demais profissões no âmbito de educação. Se liga!
1 – Como você imagina que estará o mercado de Supply Chain e Compras daqui dez anos?
Matheus Rodrigues – A transformação digital está aí para mudar muito o perfil do mercado de Supply nos próximos anos. Entendo que daqui a 10 anos processos simples e burocráticos, de baixo e médio valor agregado, serão feitos 100% por I.A, liberando os profissionais para serem mais estratégicos e contribuírem ainda mais para o resultado da companhia.
Com a velocidade cada vez maior no consumo do ser humano e a necessidade de ser atendido quase que instantaneamente, a área de Supply precisará ter agilidade e assertividade cada vez maiores. A tecnologia será, sem dúvidas, um diferencial para alcançar esses resultados e satisfazer o consumidor na ponta.
Vivemos na economia da experiência, então empresas que não proverem uma boa jornada aos consumidores fatalmente ficarão pelo caminho. Em um ambiente de desmaterialização e demonetização, do everything as a service, a área de Supply será determinante para o sucesso das companhias. Isso já acontece hoje, daqui a 10 anos o ambiente será ainda mais agressivo e a área ainda mais estratégica.
É preciso extremo cuidado no processo de transformação digital, pois se este for conduzido por uma liderança despreparada, guiando uma equipe desmotivada e em um ambiente tóxico, certamente essa empresa caminhará a passos largos para a falência. A transformação digital de Supply não pode ser o objetivo final, mas sim o caminho para melhores resultados, do contrário os próximos 10 anos nem existirão para a companhia.
2 – Uma pesquisa feita pela Dell indicou que 85% das profissões em 2030 ainda não foram criadas. Qual função você acredita que pode surgir para esses mercados em 2030?
Matheus Rodrigues – Simplesmente tentar elucubrar uma função que irá surgir em 2030 é algo totalmente impreciso. Mas, consigo imaginar que um misto de cientista de dados (confira nosso webinar sobre o tema), programador e negociador possam se unir em uma função que hoje praticamente inexiste em Supply.
Esse mix de habilidades criará uma função com alta capacidade analítica, visão holística de mercado e posicionamento da sua empresa, habilidade de fazer entregas disruptivas e soft skills poderosos para trazer o melhor resultado para a companhia e para os clientes/usuários.
3 – E o que seria necessário estudar, quais seriam os requisitos para conseguir essa vaga?
Matheus Rodrigues – Na minha visão, boa parte dos profissionais de hoje precisam se reinventar, olhar mais para o desenvolvimento das suas soft skills. Não que as competências técnicas ficarão de lado ou deixem de ser relevantes, mas o mindset correto, a capacidade de ser empático, ter seu propósito claro e definido, ou seja, ter um autoconhecimento profundo, será fundamental para este novo perfil de profissional.
Destaco, particularmente, algumas características que este profissional precisará ter como: autoconhecimento, resiliência, proatividade, empatia, habilidade de comunicação em todos os níveis, adaptabilidade, agilidade, visão holística e, talvez uma das mais importantes, inteligência emocional – que quase serve como um guarda-chuva para as demais. O profissional do futuro é multidisciplinar, fala não só o inglês, espanhol e etc, mas também é fluente no “tecnologiquês”, além de possuir as habilidades técnicas citadas na questão anterior.
Veja o caso da Amazon, como exemplo, que se compromete a entregar seus produtos em 48h, isso é o futuro e todas as empresas que estão no B2C, e boa parte das que estão no B2B, necessitarão de uma equipe altamente preparada, com os skills citados acima muito bem desenvolvidos, além do conhecimento técnico necessário para atender esse compromisso de ser ágil, assertivo e prover experiências disruptivas para seus clientes/usuários. O Customer Centricity deverá ser o drive do profissional da área de Supply também.
2 – Uma pesquisa feita pela Dell indicou que 85% das profissões em 2030 ainda não foram criadas. Qual função você acredita que pode surgir para esses mercados em 2030?
Alex Leite – Se a gente faz uma retrospectiva de 100 anos em se tratando de educação, nós vamos perceber que não mudou quase nada. Se a gente olhar duzentos, trezentos anos para trás, não mudou quase nada. Por que necessariamente eu vou prever que daqui onze anos vai mudar tudo sendo que a gente tem 300 anos para trás que não mudou nada? Existe a possibilidade de essa mudança ser muito pequena, apesar de toda a transformação digital.
Nós temos uma tendência fortíssima de autoaprendizagem. Quando a gente fala em aprendizagem para adultos, falamos em andragogia e não em pedagogia. Porém, uma nova que ficará ainda mais forte é a heutagogia, que é você aprender sozinho. E isso a gente vê cada vez mais. As crianças de hoje em dia aprendem muito mais sozinha escolhendo no Youtube qual conteúdo será consumido. Isso vai crescer. O aprendizado sozinho vai crescer muito através de internet, seja vídeo ou texto. Porém, a gente continua tendo uma necessidade forte de coisas que são presenciais, de estar em contato com as pessoas.
Aqui na Live trabalhamos com a educação híbrida, e nesse modelo de educação nós temos o formato ondemand, em que a aula é gravada, os alunos desenvolvem projetos e também interagem com os professores. A ideia é conectar pessoas do mundo inteiro, de lugares remotos e de diferentes culturas.
Já as aulas presenciais, onde acontece o networking e atividades em conjunto é super valioso! Esse formato híbrido de educação tende cada vez mais a crescer e a partir daí conseguimos montar trilhas de aprendizagem em que eu não desperdice meu tempo de aula presencial para ensinar um conceito.
Na educação infantil, o professor ensina e o aluno faz a lição em casa, sem apoio e com mais dificuldade. Então, aqui invertermos essa lógica. Em casa o aluno aprende o conceito e quando vier para a sala de aula, acontece a atividade. Seja na educação infantil ou na adulta. Por fim, acredito que essas formas híbridas de estudo, combinada com essa inversão – de usar o presencial para a prática e aprendizagem – é o que deveria acontecer nos próximos onze anos.
3 – E o que seria necessário estudar, quais seriam os requisitos para conseguir essa vaga?
Alex Leite – Eu acho que o uso de informações é tão grande, necessária e natural que não haverá muito espaço para profissionais que não entendam o básico de sistemas. E quando falo em sistemas, me refiro a programação e estrutura de dados, análise de dados. A área de sistema será para todos os profissionais, como advogados, médicos, cara de negócios, de tributos, entre outros.
A parte de raciocínio lógico será muito cobrada, devido o tempo interagido com IA, robôs e automação via RPA para fazer coisas mais nobres. O envolvimento do profissional com o uso de tecnologias será comum para todos.