O seriado Game of Thrones chega ao seu último episódio no próximo fim de semana. Após 73 episódios, os fãs da mega produção da HBO conhecerão o desfecho deste que é um dos maiores fenômenos culturais desta década.
Apenas para citar alguns números, os episódios dessa última temporada têm atraído cerca de 14 milhões de espectadores todo domingo, além dos outros mais de 50 milhões de downloads ilegais. A produção custou mais de US$ 650 milhões aos cofres da HBO. Porém, o lucro do canal com assinaturas durante seu período de exibição foi de US$ 6,3 bilhões, além da conquista de 38 Emmy Awards.
Famoso pelas batalhas épicas, cenas de nudez e mortes sanguinárias, o universo criado pelo autor norte-americano George R. R. Martin também serviu de inspiração para ensinamentos voltados ao universo corporativo. Esta visão da série virou até tema para livros, como o “Estratégias de Gelo e Fogo: As Maiores Lições Empresariais de Game of Thrones”, de Thaizi Morani. Para a escritora, o seriado pode ser uma referência para líderes e empreendedores:
“Os desafios do empreendedor são muito similares aos dos personagens. A história permeia objetivos de crescimento, disputas com concorrentes com e sem ética, planejamento, metas e ainda questões intemporais como a ambição, gestão de conflitos, alianças estratégicas e os múltiplos sinônimos de poder, como a informação, conhecimento, status e o dinheiro”, afirmou Thaizi, que também atua como mentora de negócios e é especialista em gestão estratégica e inovação.
De todas as lições que a autora lista em seu livro, ela destaca que a principal apresentada em Game of Thrones é o valor das parcerias estratégicas: “Todos os Sete Reinos entendem que para enfrentar a crise do inverno ou os White Walkers vão precisar de aliados. Parceiros que os auxiliem nas estratégias e que possam trazer a vitória em conjunto. Assim o fazem empresários que sobrevivem aos tsunamis econômicos e todas as adversidades de mercado atual”.
Com uma extensa lista de personagens com perfis tão diferentes entre si, seria possível apontar aquele que seja o principal modelo de líder, um modelo a ser seguido? Thaizi acredita que não!
“A série é tão espetacular para ser correlacionada com o mundo real, exatamente por não ter perfeições. Ned era firme e ao mesmo tempo cabeça dura. Robb era centrado e ao mesmo tempo egóico. Jon é empático e humano, mas também tolo. Daenerys sempre buscou ouvir e se comunicar bem com seus liderados, ao mesmo tempo que passou a sacrificar a todos pelos seus objetivos pessoais. Vemos líderes amados em um momento, falharem com intensidade em outro. E essa é a realidade de todos nós”.
Até mesmo aquela que pode ser considerada uma das grandes vilãs da trama, também pode ser vista como um modelo de liderança: “Cersei é uma líder dominadora. Altamente focada, estrategista e implacável. E obtém sucesso em muitos de seus objetivos. No entanto, ela própria, e todos os seus aliados, pagam o elevado custo dos reflexos de suas estratégias nada ortodoxas”.
Antes de acompanhar quem enfim ficará com o Trono de Ferro, preparamos uma lista com cinco lições de liderança e empreendedorismo que podem ser tiradas dos acontecimentos da trama. Se você ainda não viu ou ainda está maratonando a série, fica o aviso de que o texto contém spoilers. Confira!
Uma das críticas ao roteiro desta última temporada foi o fato de a série ter priorizado à luta contra o Rei da Noite, para depois focar na batalha pelo trono. Do ponto de vista corporativo, essa escolha faz o total sentido. É importante que se ataque primeiro aquilo que é uma ameaça maior, que atinge um maior número de pessoas, que pode trazer maior prejuízo, do que focar nas próprias ambições.
Os Imaculados são um poderoso exército e eram mantidos como escravos em Essos. Isso até Daenerys libertá-los. E, por decisão livre, eles decidem se manter fiéis à jovem rainha, que, por sua vez, não os tratam como escravos que eram. Tanto que Verme Cinzento passa a ser amigo pessoal da rainha e líder daquele grupo.
Em muitos momentos da série, o rei é respeitado por conta do medo que ele põe em seu povo. Já o caminho traçado pela Targaryen nas sete temporadas até aqui foi o contrário. Ela havia alcançado uma legião de apoiadores graças aos seus feitos e o senso de justiça. É aquela velha premissa de que é o verdadeiro líder é aquele que inspira os seus liderados.
Durante oito temporadas, ouvimos da família Stark (ou o que sobrou dela) o lema “The Winter is Coming”. Em Westeros, o inverno, não é apenas um período de três meses tal como na nossa geografia. Ele surge quando menos se espera e pode durar anos, ou até mesmo décadas. A frase dos senhores de Winterfell avisa que eles precisam estar constantemente preparados para o pior.
Numa empresa, não é diferente. Apesar de cenários de crise serem inevitáveis, é preciso que haja um constante cuidado para que ele cause o mínimo de estrago possível. Com a devida preparação, será possível prosperar depois que passar “a longa noite”.
Outro lema bem famoso na série é o dos Lannisters, que sempre pagam suas dívidas. A boa gestão do dinheiro não é tão explorada na trama. Porém, mais que a questão financeira, o que está presente mesmo neste lema é a importância da lealdade a quem te ajuda, principalmente entre os familiares. Entre os Lannisters, cumprir com a palavra é um fator fundamental para garantir a manutenção do poder.
Num seriado em que qualquer personagem corre o risco de morrer em qualquer episódio, chegar à última temporada é um feito respeitável. Enquanto alguns conseguem isso por conta de feitos heroicos, outros conseguem graças à influência.
Lord Varys havia servido vários reis e sabia quando trocar de lado quando o negócio está desfavorável. Tyrion Lannister se apresenta como um grande estrategista e é essencial na ajuda aos líderes. Até Cersei, apesar de odiada por alguns fãs, se manteve no poder graças à influência, pautada na intimidação que impunha sobre seu povo.