Tradução do artigo de Muddassir Ahmed*
Planejamento de Supply Chain dentro de uma organização existe em muitos níveis, bem como em muitas áreas funcionais. A maioria das organizações formalmente atualiza seus Planos de Lucro no mínimo anualmente. Contudo, planejar é um processo contínuo que acontece em diferentes níveis e diferentes tempos, que dependem da disponibilidade de recursos, e isso é levado em consideração pelos 5 níveis de horizonte temporal do Planejamento de Supply Chain. Além disso, é importante que todos os planos funcionais estejam alinhados para garantir que conversem entre si e apoiem o plano geral e os objetivos da companhia.
É fundamental que se tenha um plano de diferentes enquadramentos temporais (plano de tempo faseado) que se encaixe para apoiar o plano de longo prazo. A complexidade também muda com cada fase de tempo. A imagem abaixo mostra como os 5 diferentes níveis de horizonte do Planejamento de Supply Chain se encaixam, sua frequência de revisão e complexidade em uma escala de low (baixo) para high (alto).
Geralmente, as organizações usam uma variedade de termos para explicar os vários níveis de planejamento. Neste artigo, vou brevemente discutir Profit Plan (Plano de lucros), SIOP (Sales, Inventory & Operations Planning – Vendas, Inventário & Planejamento de Operações), Master Plan (Plano Mestre), Material Plan (Plano de Materiais) e Factory Plan (Plano de Fábrica) ou Line Scheduling (Programação de Linha), que são o que compõe o alicerce do Planejamento de Supply Chain em uma organização típica.
Profit plan - anualmente/trimestralmente
No nível mais alto do planejamento de Supply Chain, que também é o mais distante no tempo, está o Profit Plan, que majoritariamente se estende por 12 meses e geralmente é revisado trimestralmente. Ele serve de base para o planejamento financeiro. Com as informações advindas do Profit Plan, você pode antecipar a necessidade de aumentar investimentos em inventário, introdução de novos produtos, recebíveis, pessoal ou instalações.
O Profit Plan considera os objetivos de uma organização, os serviços requeridos e como os gestores pretendem alcançar os ideais de sua organização. Esses planos são complexos e usualmente incluem times multifuncionais, o que adiciona complexidade ao processo. Esse estágio do Planejamento de Supply Chain define a projeção de implicações das atividades de Supply Chain no negócio e suas implicações financeiras nas receitas, custos e capital de giro.
Sales Inventory & Operations Planning (SIOP) - mensalmente
SIOP por si só requer vários blogs ou até mesmo livros para explicar o básico, já que é um dos processos chave em qualquer organização, ou deveria ser! Falando de modo simplista, o processo de SIOP faz exatamente o que diz seu título – provê uma visão geral do método utilizado pela companhia para vendas, inventário e planejamento de operações. Seu propósito é ajudá-lo a entender o equilíbrio de planejamento entre suprimento e demanda.
Ele representa um processo de melhoria organizacional que vai:
SIOP é um planejamento de Supply Chain multifuncional desenhado para manter demanda e suprimento em equilíbrio por meio de:
O SIOP, que é um processo mensal de 5 passos (mostrado abaixo), por monitorar o mercado externo, ajuda o negócio e comunidades de Supply Chain a proativamente planejar mudanças na demanda.
SIOP como processo de Supply Chain:
É um processo mensal:
Master Plan ou Master Production Schedule (MPS) - mensalmente/semanalmente
O master level ou top-level schedule costumava definir o plano de produção em uma instalação manufatureira em uma frequência mensal - mas espalhado entre as semanas. APICS (The Premier Association for Supply Chain Management) considera os termos Master Production Schedule (MPS) e Master Schedule (MS) como sinônimos e os define como “uma agenda antecipada para aqueles itens designados ao master scheduler (agendador mestre). “Ele representa o que a companhia planeja produzir em configurações, quantidades e datas específicas.” Todavia, Everdell define o Master Schedule como a “apresentação de informações que expressam como o master scheduler decidiu satisfazer a demanda posta no ‘item final’ ao determinar as quantidades de produção a estarem completas em agendas específicas”.
Em teoria, Master Production Schedule é o elo entre marketing e vendas (sales orders, forecasting), operações de manufaturas e funções de engenharia. As funções de MPS deveriam mirar o desenvolvimento e a manutenção de um plano de manufatura que seja satisfatório às três funções. Ademais, o Master Schedule é mensalmente reconciliado com o bruto corte do plano de Supply resultante do processo de planejamento de Supply, SIOP.
O Master Production Scheduler (ou o equivalente responsável pelo processo) cria e mantém o Master Production Schedule no sistema ERP. O MPS normalmente conduz e direciona todas as atividades de engenharia relacionadas a manufatura e compras. Para ter um MPS de sucesso, é fundamental que haja precisão em BOM e Inventário.
Precisão em BOM – O gerente de engenharia (ou o profissional de papel equivalente) cria e mantém os BOMs de engenharia e facilita a tradução de BOMs de engenharia em BOMs de manufatura. O gerente de manufatura (ou o profissional de papel equivalente) cria e mantém o BOM de manufatura baseado na coordenação com o BOM de engenharia do gerente de engenharia.
Precisão de inventário – Demonstração de habilidades de gerenciamento de inventário ao realizar contagem de ciclo em uma frequência regular e um inventário físico anual. Também é necessária habilidade demonstrada para identificar e corrigir erros de inventário fora dessas contagens físicas diariamente.
Material Plan – semanalmente/diariamente
Na maioria das companhias existe um processo de Material Plan que mantém planos de material válidos juntamente a um processo de controle que comunica as prioridades através de MRP, agendas de produção, agendas de fornecedores, planejamento min/max e/ou Kanban para reposição diária ou semanal. Planejamento de materiais é uma atividade diária ou semanal na maioria das operações para manter o serviço adequado ao consumidor. Novamente, como SIOP, Material Plan é um tópico de maior profundidade em termos de conceitos-chave. Contudo, aqui estão breve definições sobre algumas técnicas-chave:
Planejamento min/max – Uma técnica de planejamento de inventário que usa valores mínimos e máximos de inventário para itens e mantém um equilíbrio entre esses dois níveis.
Planejamento Kanban - Uma técnica de planejamento de inventário que determina tamanho do Kanban, número de cartas Kanban, quantidade mínima de encomenda, tempos de espera, multiplicadores de lote e dias de estoque de segurança.
Planejamento de ponto reabastecimento – Uma técnica de planejamento de inventário que utiliza pontos de reabastecimento e valores de quantidade de reabastecimento para itens e mantém o equilíbrio necessário para atender à demanda prevista durante o tempo de espera considerando o estoque de segurança.
MRP - O MRP original data dos anos 60, quando o planejamento de materiais requeridos era manual (hoje chamado de MRP ou MRP I). MRP permite a uma companhia calcular quantos materiais de um tipo específico são requeridos, e quando são requeridos (Slack ET. AL., 2004¹). MRP por conceito é um tópico massivo e um capítulo todo pode ser dedicado a explicá-lo!
Factory Plan ou Line Scheduling - diariamente
O Production Line Scheduling Process é conduzido pelo time de Supply Chain/Planejamento de Materiais. É ele quem decide como os materiais obrigatórios serão alocados para atender à demanda dos clientes. Operações/Manufatura está envolvido nas decisões de capacidade obrigatória para atender à line schedule (demanda), que é apresentada em forma de ordens de trabalho que serão lançadas quando o MRP rodar de um dia para o outro (se está usando ERP/MRP). Se gerenciado pelo Kanban ou sistemas min/max, então os planejadores precisam manter os níveis de inventário adequados para manter estoques min/max ou quantidades Kanban.
Planejadores devem garantir que as line schedules estejam alinhadas a MPS ou SIOP; as ordens de trabalho são de tempo ou volume, para assegurar alinhamento ao SIOP ou à demanda real. Em outras palavras, o line scheduling process deve ser totalmente integrado ao SIOP. O trabalho diário que é aplicado às linhas/células deve estar alinhado ao que foi acordado no que se refere a nível de plano de produção com a equipe de produção. Além disso, a realização e/ou linearidade desse plano é monitorada e gerenciada.
Finalmente, os processos de line scheduling devem estar alinhados à política de On Time Delivery (OTD), certificar suficiente visibilidade de inventário e redução de frete especial.
Conclusão
Como profissional de Supply Chain, você sempre sentirá que há mais trabalho a fazer.
Em vez de se esgotar, procure maneiras para fazer o planejamento de Supply Chain mais eficientemente em diferentes níveis, de modo que seja menos exaustivo.
Os 5 níveis de Planejamento de Supply Chain que eu mencionei neste artigo sempre existiram em alguma forma. O que eu tentei fazer foi direcionar o foco para a frequência desses ‘horizontes’ de planejamento e como eles estão dispostos na ‘hierarquia’ do planejamento, para você poder melhorar a performance da área de Supply Chain e possivelmente do negócio como um todo.
Se você de fato aplicar alguns deles, poderá conseguir os resultados em metade do tempo que eu levei!
Se você tem alguma dúvida sobre os horizontes do Planejamento de Supply Chain & complexidade ou tem alguma experiência aplicando-os à sua vida ou negócio, deixe seus pensamentos em um comentário abaixo – adoraria conhecê-los.
¹Slack, N., Chambers, S., and Johnston, R. (2004), Operations Management, Pearson Education Limited, Essex.
*Sobre o autor:
Dr. Muddassir Ahmed é líder em Operações de Manufatura, Procurement e Supply Chain com experiência internacional em manufatura nas indústrias Elétrica, Hidráulica, Têxtil e da Internet. Além disso, tem considerável experiência em implanter melhorias contínuas e melhores práticas na Europa, Oriente Médio e África.
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