A história do modal ferroviário no Brasil teve início em 1854, com a inauguração da Estrada de Ferro Mauá por Dom Pedro II. A linha conectava o Porto de Mauá, na Baía da Guanabara, à Raiz da Serra, com o objetivo de facilitar o escoamento de mercadorias do interior para áreas comerciais e portuárias. A proposta era integrar os modais ferroviário e aquaviário, além de melhorar o acesso a regiões mais distantes.
Naquela época, a extensão da malha ferroviária era de apenas 14,5 km. Atualmente, segundo a ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), o Brasil conta com cerca de 30 mil km de ferrovias e o modal ferroviário corresponde a 20% do total do transporte de cargas no país. Até 2026, estão previstos investimentos de R$ 94,2 bilhões para fomentar a expansão do modal ferroviário.
Embora o modal ferroviário ainda não seja o mais predominante no transporte de passageiros ou cargas no Brasil, sua importância estratégica para o desenvolvimento logístico e econômico é inegável.
Com investimentos crescentes e projetos em expansão, as ferrovias brasileiras vêm ganhando protagonismo no escoamento de grandes volumes de carga, especialmente em longas distâncias. Por isso, listamos a seguir as maiores ferrovias do país que estão transformando o cenário logístico nacional. Confira:
A Ferrovia Norte-Sul (FNS) tem uma extensão de aproximadamente 4.155 km. Ela liga o Porto de Itaqui, no Maranhão, à cidade de Estrela d’Oeste, em São Paulo.
Com 1.757 km de extensão, a Transnordestina liga o Piauí aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE). O traçado atravessa o cerrado piauiense e representa uma importante rota para o escoamento de minérios, grãos e outras cargas da região Nordeste com destino aos mercados nacional e internacional.
Com aproximadamente 1.527 km de extensão, a Ferrovia de Integração Oeste Leste ligará o futuro porto de Ilhéus (no litoral da Bahia) a Figueirópolis (no Tocantins), ponto em que se conectará com a Ferrovia Norte-Sul.
Com 905 km, essa ferrovia conecta a Grande Vitória (ES) a Belo Horizonte (MG). Inaugurada no fim do século XIX para escoar a produção de café, hoje é usada principalmente para o transporte de minério de ferro, aço, madeira, carvão, granito, contêineres e outros insumos industriais.
Com 892 km de extensão, a Estrada de Ferro Carajás liga Parauapebas (PA) ao porto de Ponta da Madeira, em São Luís (MA). É uma ferrovia de alta capacidade, voltada principalmente ao transporte de minério de ferro da Serra dos Carajás.
Com 734 km projetados, a Ferrovia do Pantanal deve ligar Panorama (SP) a Porto Murtinho (MS). Seu foco principal será o transporte de grãos como soja e milho, além de fertilizantes para a agricultura.
Com cerca de 454 km, essa ferrovia conecta São Luís (MA) a Teresina (PI). Idealizada no século XIX e inaugurada em 1921, surgiu para facilitar as exportações maranhenses, como o algodão, e ainda hoje continua sendo uma importante rota regional.
O modal ferroviário desempenha um papel estratégico no desenvolvimento logístico e econômico do Brasil. Capaz de transportar grandes volumes de carga com baixo custo por tonelada, é uma solução altamente eficiente para longas distâncias, especialmente no escoamento de commodities como minérios, grãos e combustíveis.
Além da competitividade, o transporte ferroviário também se destaca por ser mais sustentável, emitindo menos gases poluentes em comparação com outros modais, como o rodoviário. Essa característica é essencial em um cenário onde a eficiência energética e a redução da pegada ambiental se tornaram prioridades para empresas e governos.
Outro ponto relevante é a possibilidade de integração do modal ferroviário com outros modais — como o rodoviário, o aquaviário e o aéreo —, fortalecendo uma logística multimodal que amplia o alcance e a flexibilidade das operações logísticas.
Investir na expansão e modernização da malha ferroviária brasileira é fundamental para reduzir o custo logístico nacional, melhorar a infraestrutura de transporte e aumentar a competitividade do Brasil no comércio global.
Apesar de seu potencial estratégico, o modal ferroviário no Brasil ainda enfrenta diversos desafios que limitam sua plena utilização. Um dos principais obstáculos é a infraestrutura insuficiente e concentrada em poucas regiões, o que impede a integração eficiente entre os principais polos produtores e os centros de consumo ou exportação.
O histórico de baixos investimentos ao longo de décadas também contribuiu para a defasagem tecnológica e operacional de muitos trechos da malha ferroviária nacional. Além disso, o alto custo e a complexidade para implantação de novas ferrovias tornam o processo lento, exigindo parcerias com a iniciativa privada e marcos regulatórios estáveis.
Outro desafio importante é a falta de interoperabilidade entre ferrovias operadas por diferentes concessionárias, dificultando o transporte contínuo de cargas ao longo de grandes distâncias. A ausência de padronização nos trilhos e a burocracia para obtenção de licenças ambientais também são entraves frequentes.
Superar esses desafios é essencial para que o modal ferroviário se consolide como um pilar do sistema logístico brasileiro, contribuindo para a redução dos custos de transporte, a sustentabilidade e o aumento da competitividade das empresas nacionais.
O modal ferroviário tem um papel fundamental na construção de uma logística mais eficiente, sustentável e integrada no Brasil. Apesar dos desafios, os avanços recentes e os investimentos previstos mostram que há um caminho promissor para sua expansão e modernização.
Se você deseja entender melhor como o transporte ferroviário se relaciona com outros modais e quais são as melhores opções para diferentes tipos de carga, continue a leitura e descubra mais sobre os principais modais de transporte do Brasil. Conhecer essas alternativas é essencial para tomar decisões logísticas mais estratégicas e competitivas.
https://www.prestex.com.br/blog/qual-e-a-importancia-do-modal-ferroviario-no-brasil/