Nesta sexta-feira (25) depois de alguns anúncios do governo, o mercado achou que a greve dos caminhoneiros já estava com os dias contados. Mas não foi o que aconteceu. Depois de ontem, com um pacote amplo anunciado pelo presidente Michel Temer para os caminhoneiros, hoje será o dia “D” para sabermos se a greve deve continuar com força ou não.
Conversei com alguns executivos de grandes empresas com atuação ampla no território nacional, e pelo menos até agora a manifestação não parece estar cedendo como se esperava. Há quem tenha sentido um pequeno alívio, mas a situação continua caótica e remediada com comitês de crise envolvendo todas as áreas estratégicas das companhias.
O Claudio Marcos, Head of Procurement da Pepsi Co., relatou que está com linhas de produção paradas, dificuldade no faturamento e não sentiu nenhuma melhoria desde sexta-feira. Ele esperava que o comunicado de ontem do presidente já estivesse surtindo efeito, mas ainda não detectou avanços.
O Sérgio Andrade, diretor de Supply Chain para América Latina da Arysta LifeScience, do setor de defensores agrícolas, está com 36 containers retidos no Porto de Santos, que está bloqueado por piquetes feitos por caminhoneiros. Ele trabalha com o cenário de que a greve continue pelo menos até o fim da semana. A empresa tem estoque para manter a produção até hoje a meia-noite e a partir de amanhã dará folga aos funcionários emendando com o feriado.
Ele conta que a estratégia é recuperar o prejuízo em junho. “Esperamos recuperar o impacto nas vendas de maio em junho com o uso de horas extra nos fins de semana e contratando mão de obra temporária. Acontecendo a liberação até sexta-feira, esperamos pelo menos uma semana adicional para regularizar a posição mínima de estoque”.
Para o diretor de logística de um grande varejista brasileiro de móveis e eletrodomésticos (que pediu para não ser identificado) a situação ainda é de crise, apesar de relatar ter sentido uma leve melhoria de sexta-feira para cá. “Nós achávamos que as medidas do governo teriam efeito imediato, mas os caminhoneiros ainda queriam mais garantias”. Ele está monitorando com cuidado as estradas hoje para então estimar como será a recuperação, mas já adianta que por menos de cinco dias não sai.
A grande surpresa do dia parece ter sido a aparente resistência do movimento, mesmo após o anúncio de ontem do presidente atendendo a praticamente todas as reivindicações da categoria. Na prática, são muitas lideranças organizadas e algumas delas querem garantias mais concretas, como a publicação das medidas provisórias ou até mesmo a chegada da redução do preço nas bombas, o que deve demorar vários dias. O blog do Inbrasc vai continuar acompanhando os novos acontecimentos. É esperar para ver.