É isso mesmo que você leu. Quem pensa que os impactos da quarta revolução industrial em compras ainda estão bem longe no futuro, pode começar a rever os próprios conceitos.
Nós da Live University presenciamos uma palestra incrível sobre este tema no ME B2B SUMMIT, um grande evento do setor de compras organizado pelo nosso parceiro Mercado Eletrônico.
O professor Holger Schiele, da University of Twente Initiative for Purchasing Studies, palestrou sobre os impactos da indústria 4.0 nos suprimentos e trouxe informações impressionantes. Vamos compartilhar com vocês os principais insights dele e de alguns outros ótimos profissionais que deram grandes contribuições ao evento. Confira!
Antes de entrar nas aplicações específicas na área de compras é importante entender o que é exatamente a 4° Revolução Industrial. Cada uma das revoluções industriais teve uma característica central. Na primeira, o uso da máquina a vapor; na segunda, a potência gerada pela eletricidade; na terceira, o uso da computação e tecnologia da informação.
Já o que faz a indústria 4.0, posto de forma simples, é o fato de uma máquina poder se comunicar com outras máquinas. Ou, de forma mais técnica, o uso de sistemas ciber-físicos com comunicação autônoma entre máquinas, como o uso de sensores inteligentes, por exemplo.
Mas o professor Holge nota que a revolução não acontece exatamente quando surge uma nova tecnologia, mas quando há uma mudança no modelo organizacional causado por essa tecnologia! Basta lembrarmos da linha de produção e da divisão do trabalho, que foram os fatores que impulsionaram a mudança.
O momento em que estamos, portanto, é aquele em que as tecnologias já estão disponíveis, mas a reestruturação dos modelos organizacionais ainda está em curso, o que representa uma ótima oportunidade! O momento de conhecer e estudar as possibilidades e criar um diferencial competitivo é agora.
Para o professor Holge, uma das principais aplicações da indústria 4.0 na área de compras será a geração de demanda automatizada. Ele citou como exemplo um projeto da University of Twente em que eles criaram um sensor para uma saboneteira. Parece simples, mas as potencialidades que o experimento demonstra são incríveis.
O protótipo, com uso de um laser, consegue acompanhar a diminuição do sabonete conforme este vai sendo usado. A lógica é que, enquanto um sistema ciber-físico, com uso de internet no próprio objeto (Iot), o sensor possa reconhecer que o sabonete está acabando e consiga de forma autônoma emitir a ordem de compra de um novo sabonete.
Veja no slide em detalhes:
Um dos principais temas que permeou o B2B SUMMIT foi a importância de uma gestão de fornecedores que trate bem aqueles que escolhemos para fazer negócios conosco. O professor Schiele trouxe dados que mostram que a satisfação dos fornecedores talvez seja muito mais importante do que imaginamos hoje, pelo menos no Brasil.
“A satisfação do fornecedor é uma chave para o sucesso da área de compras que vem sendo negligenciada… Na Alemanha hoje, por exemplo, os fornecedores escolhem com quem querem trabalhar”, disse.
Um estudo feito por ele e publicado no Journal of Business Research mostra que a satisfação dos fornecedores pode ser medida como uma métrica e a sua performance está ligada a outro parâmetro que ele chama de “excelência operacional”. Como pode ser visto no esquema do slide a frente, quanto melhor forem essas duas métricas, maior é a duração do relacionamento com o fornecedor.
Mas onde queremos chegar com isso, afinal? Na conclusão de que ao usar tecnologias da indústria 4.0 como o planejamento de demanda automatizado podemos alcançar níveis imprevistos de excelência operacional, e por consequência de satisfação do fornecedor.
A relação buyer x supplier parece estar passando por uma mudança de paradigma. Outros palestrantes e painelistas durante o evento também destacaram a importância da gestão saudável dos fornecedores, com foco no longo prazo e na geração de valor para os dois lados da equação. Olha só algumas frases que foram ditas ao longo do Summit.
“Não existe mais essa história de que o fornecedor é o meu empregado”. Gabriella Spinola, CPO da Accor.
“Eu trato meus fornecedores como se fossem clientes”. Jerson do Nascimento, CPO da JBS América do Sul.
“A construção da sua rede de fornecedores traz grande potência mas também grande responsabilidade. Encare a relação com os seus fornecedores como uma jornada”. Eduardo Sanches, sócio da Diagma Consulting.
O Eduardo Sanches lembrou ainda de uma aplicação muito interessante: a do equilíbrio de Nash, matemático vencedor do prêmio Nobel. Ele descobriu que nem todas as relações precisam ser de soma zero, ou seja, nem sempre para um ganhar o outro deve perder.
Para saber mais sobre aplicações em negócios que já estão acontecendo (!) com uso de inteligência artificial e outras tecnologias, não dá para perder o II Congresso Latino-Americano de Inteligência Artificial e Data Science, que acontece nos dias 9 e 10 de outubro. Você terá acesso a palestras e painéis sobre propriedade e soberania de dados, transformação digital, supply chain 4.0, big data, blockchain, contratos inteligentes e aplicações de I.A nas áreas de saúde, recrutamento e cadeia de suprimentos.